Como parte dos deveres e prazeres de um avô, levei minhas netas ao Jardim Zoológico, o mesmo que me encantara na infância. Na saída, elas estavam meio decepcionadas, e o avô deprimidíssimo.
Os grandes felinos, atração máxima, dormiam prostrados, uns na toca e outros no fundo da jaula. Pareciam dopados, mas me disseram que os tratadores lhes antecipam o almoço para que apaguem e não se perturbem com as multidões de crianças e adultos gritando em frente ao cativeiro. Elas querem ação, e os pobres grandes felinos só querem dormir, talvez sonhar que estão numa savana africana correndo atrás de antílopes.
O velho elefante empoeirado balançava a tromba em desalento. O hipopótamo, talvez com vergonha, estava enfiado no seu abrigo e exibia só a traseira descomunal. Dois pinguins tinham sido comidos, na véspera, por enormes e ferozes cães vira-latas, vindos das matas e favelas vizinhas. Mais ferozes e malandros do que as feras enjauladas, cavaram um túnel sob a cerca e devoraram as aves.
O que há de educativo em ver bichos tristes e humilhados, expostos à visitação pública? É uma perversão do que se vê nos espetaculares documentários da televisão, onde realmente se aprende sobre os animais ? E sobre nós mesmos.
Os parques abertos, tipo Kruger ou Simba Safári, são mais humanos para os animais, que vivem livres na natureza e podem ser observados de dentro dos carros pelo público. O cativeiro só se justifica para preservar espécies em extinção, que merecem zôos cinco estrelas para reproduzir, e voltar à vida selvagem.
É espantoso que, em plena era da ecologia, da sustentabilidade e da correção política, ainda existam jardins zoológicos. São provas vivas de crueldade com os animais, deveriam ser extintos. No Rio de Janeiro, a lei já proíbe exibir animais em circos, e é cumprida.
Um vez sugeri aos amigos do Casseta & Planeta um quadro em que animais livres e pacíficos passeavam com seus filhos por um zoológico com jaulas cheias de humanos mentirosos, gananciosos, covardes, sádicos e assassinos. O que mais divertia os filhotes dos macacos era a gaiola dos políticos ladrões.
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Fonte: Nelson Motta - O Estado de S.Paulo
Os grandes felinos, atração máxima, dormiam prostrados, uns na toca e outros no fundo da jaula. Pareciam dopados, mas me disseram que os tratadores lhes antecipam o almoço para que apaguem e não se perturbem com as multidões de crianças e adultos gritando em frente ao cativeiro. Elas querem ação, e os pobres grandes felinos só querem dormir, talvez sonhar que estão numa savana africana correndo atrás de antílopes.
O velho elefante empoeirado balançava a tromba em desalento. O hipopótamo, talvez com vergonha, estava enfiado no seu abrigo e exibia só a traseira descomunal. Dois pinguins tinham sido comidos, na véspera, por enormes e ferozes cães vira-latas, vindos das matas e favelas vizinhas. Mais ferozes e malandros do que as feras enjauladas, cavaram um túnel sob a cerca e devoraram as aves.
O que há de educativo em ver bichos tristes e humilhados, expostos à visitação pública? É uma perversão do que se vê nos espetaculares documentários da televisão, onde realmente se aprende sobre os animais ? E sobre nós mesmos.
Os parques abertos, tipo Kruger ou Simba Safári, são mais humanos para os animais, que vivem livres na natureza e podem ser observados de dentro dos carros pelo público. O cativeiro só se justifica para preservar espécies em extinção, que merecem zôos cinco estrelas para reproduzir, e voltar à vida selvagem.
É espantoso que, em plena era da ecologia, da sustentabilidade e da correção política, ainda existam jardins zoológicos. São provas vivas de crueldade com os animais, deveriam ser extintos. No Rio de Janeiro, a lei já proíbe exibir animais em circos, e é cumprida.
Um vez sugeri aos amigos do Casseta & Planeta um quadro em que animais livres e pacíficos passeavam com seus filhos por um zoológico com jaulas cheias de humanos mentirosos, gananciosos, covardes, sádicos e assassinos. O que mais divertia os filhotes dos macacos era a gaiola dos políticos ladrões.
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Fonte: Nelson Motta - O Estado de S.Paulo
Um comentário:
Otimo artigo.
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