9 de março de 2010

LIVRO MOSTRA QUE PEIXES SENTEM DOR E TEM SENTIMENTOS

Para muita gente, o peixe não passa de uma rica fonte de proteínas sem sentimentos. Mas um livro polêmico revela que os cientistas acreditam que esse animal, que já foi símbolo de estupidez, não só sente dor como possui uma vida emocional complexa.

A autora do livro Os peixes sentem dor?, Victoria Braithwaite, explica que não existe um motivo lógico por que as pessoas não devam tratar esses animais com a mesma consideração que dão aos mamíferos e pássaros.
O livro não foi escrito por um vegetariano radical, mas por uma bióloga marinha imparcial… e que come peixe.


Mas a conclusão de Victoria é surpreendente porque não estamos acostumados a ver os peixes como criaturas conscientes, revelou o jornal inglês DailyMail nesta segunda-feira (8).


A “face” sem expressão dos peixes, sua falta de membros e seu ambiente aquático meio alienígena tornaram difícil saber se eles deveriam ser tratados no mesmo nível dos pássaros, répteis e mamíferos ou agrupados junto a vermes, insetos e lagostas.


Os mamíferos possuem detectores de dor especializados, chamados nociceptores, que transmitem sinais ao cérebro quando eles se ferem. Os peixes também.


Para descobrir se os peixes sentem dor, a autora fez várias experiências. Ela injetou veneno de abelha e vinagre em volta da boca de alguns peixes.


Aqueles que receberam o veneno reagiram de forma diferente dos que não receberam as injeções – eles ficaram com a área irritada e perderam o interesse em comida até que o efeito do veneno passasse.


Experiências recentes feitas pelo biólogo marinho Peter Laming, de Belfast, na Irlanda, mostraram que o caminho da dor existe no peixe dourado, conectando receptores no couro, por meio da medula espinhal, ao cérebro.


Cientistas espanhóis descobriram que o peixe dourado, conhecido por sua estupidez, é capaz de aprender e de lembrar de seu caminho no meio da confusão.


Os chichlids-macho, peixes tropicais de água doce agressivos, são capazes de avaliar a habilidade de luta de seus potenciais rivais só de observar brigas anteriores.


Esta habilidade de criar um ranking mental é chamada de inferência transitiva, uma capacidade que o ser humano só atinge aos quatro anos de idade.


PEIXES


Os peixes pertencem ao reino animal e, dentro deste, são vertebrados. São seres aquáticos poiquilotérmicos (de sangue frio), que possuem corpo fusiforme, membros em forma de barbatana suportados por estruturas ósseas ou cartilaginosas, e guelras ou brânquias, com que respiram o oxigênio dissolvido na água.


Os primeiros peixes surgiram há cerca de 500 milhões de anos e eram semelhantes as lampreias atuais. Posteriormente, há aproximadamente 400 milhões de anos, surgiram os peixes com esqueleto cartilaginoso. Mais recentemente, há perto de 250 milhões de anos, surgiram os primeiros peixes com esqueleto ósseo. Existem mais de 29.000 espécies de peixes, o que faz deles o maior grupo dos vertebrados, subdividido em:


- Peixes ósseos (Osteichthyes, com mais de 22.000 espécies), a que pertencem as sardinhas, as garoupas, o bacalhau, o atum e, em geral, todos os peixes com esqueleto ósseo;


- Peixes cartilaginosos (Chondrichthyes, mais de 800 espécies), a que pertencem os tubarões e as raias;


- Vários grupos de peixes sem maxilas (antigamente classificados como Agnatha ou Cyclostomata, com cerca de 80 espécies), incluindo as lampreias e as mixinas (peixe-bruxa).


Os peixes encontram-se em praticamente todos os ecossistemas aquáticos, tanto em água doce como salgada. Ao contrário da maior parte dos vertebrados, os peixes crescem continuamente durante toda a sua vida, embora a taxa de crescimento diminua acentuadamente após a primeira reprodução.


O SISTEMA NERVOSO DOS PEIXES


O sistema nervoso dos peixes é complexo e sofisticado. A maioria possui o sentido da visão muito desenvolvido, podendo distinguir cores e comprimentos de onda, desde o infravermelho ao ultravioleta. Contudo, esta capacidade vai diminuindo conforme aumenta a profundidade, em virtude da luz insuficiente. O olfato também é muito desenvolvido em algumas espécies. Os salmões e outros peixes migradores apresentam o fenômeno homing, ou seja, voltam sempre ao rio onde nasceram para se reproduzirem.
Está cientificamente provado que estas espécies “memorizam” o odor da água do rio onde nasceram, para um dia poderem voltar. Em muitas espécies, as papilas gustativas não se limitam a cavidade bucal, estão também noutras partes do corpo. Os ouvidos, além de permitirem a percepção de sons, funcionam também como órgãos do equilíbrio. Os peixes tem sistemas organizados de comunicação entre si. Emitem substâncias de alarme em presença de predadores, induzindo a formação de cardumes para confundir os atacantes, ou permitindo a fuga de outros indivíduos da sua espécie.
Na altura da reprodução parece haver também comunicação química. Supõe-se que as hormonas libertadas pelos machos induzam a ovulação das fêmeas. Estes animais desenvolveram também receptores químicos ao longo do seu organismo, que lhes permitem detectar as mudanças de corrente da água e as mais delicadas vibrações, indiciadoras da aproximação de predadores.

AFINAL, OS PEIXES SOFREM?
Pelo acima exposto, e que tem sido consubstanciado por estudos levados a cabo nomeadamente por cientistas Ingleses, a resposta é simples:

Sim, os peixes sofrem.
Enquanto criaturas do reino animal, dotadas de um sistema nervoso central, os peixes possuem um sistema de dor que é anatômica, fisiológica e biologicamente semelhante ao das aves e outros animais. Os peixes reagem a sensações de dor e de prazer e, na verdade, partilham até semelhanças com o sistema nervoso dos seres humanos, já que algumas espécies possuem neurotransmissores como as endorfinas, que induzem a sensação de bem-estar e de alívio da dor. Logicamente, se os seus sistemas nervosos produzem analgésicos naturais, é porque estão predeterminados para sentirem dor.

Os referidos estudos constatam que a morte por laceração dos tecidos, sangramento e asfixia (que caracterizam a pesca) é extremamente cruel, e fonte de grande sofrimento para estes animais, não apenas físico, mas também psicológico. Ao reagirem a dor, os peixes sentem também estresse emocional e apresentam uma série de espasmos e movimentos de contorção muito semelhantes ao comportamento dos vertebrados superiores, como os mamíferos, em iguais circunstâncias. E embora inaudíveis para os seres humanos, alguns peixes emitem sons para exprimir a sua agonia, conforme concluem pesquisas conduzidas por várias universidades dos Estados Unidos.

Sabe-se hoje que os peixes são animais inteligentes e que algumas espécies apresentam fenômenos interessantes ao nível da memória, da capacidade de aprendizagem e até da antecipação do sofrimento. Com efeito, alguns dos estudos feitos constataram que os peixes, não só emitiam uma espécie de grunhido ao serem submetidos a choques elétricos, como grunhiam a simples visão do elétrodo, numa clara antecipação do sofrimento que dessa forma lhes ia ser infligido.



Mais informações sobre o assunto: http://www.cahiers-antispecistes.org/spip.php?article338

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