15 de janeiro de 2011

Fashion Rio : Polemico, uso de peles volta as passarelas

Fashion Rio: Polêmico, uso de peles volta às passarelas (Estadão)





Material apareceu em coleções de inverno de três estilistas em semana de moda carioca; para ambientalistas, tendência é cruel e desnecessária



A temporada de moda mal começou no Rio e já traz, além de tendências para outono e inverno, uma grande polêmica ambiental: o uso de peles verdadeiras. Nos desfiles do Fashion Business – evento paralelo à Fashion Rio, que começou ontem -, pelo menos três estilistas levaram peles à passarela: Carlos Miele, que usou raposa e coelho; Patrícia Vieira, que apresentou roupas de pele de cabra e de coelho, e Victor Dzenk, com peles de chinchila tingidas de rosa, vermelho e azul.

O tema é controverso porque o inverno brasileiro é ameno e não haveria razão para o uso de peles verdadeiras. “Não se justifica usar peles no Brasil”, afirma Ingrid Eder, gerente de campanha da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA, em inglês). Segundo ela, mesmo os animais que são criados para a produção de pele são submetidos a maus tratos. “Não há morte indolor. As chinchilas são eletrocutadas ou têm os pescoços deslocados. Agonizam conscientes, enquanto a pele é retirada”, diz.

A estilista Patrícia Vieira argumenta que não pode usar material sintético porque sua “única matéria prima é o couro”, que trabalha desde o curtimento até o acabamento. Mas ela ressalta que só usa “couro abatido pela carne”, que é um subproduto. “O que faço é aproveitar o que sobra e usar um acabamento diferenciado. Também não sou a favor de usar animais abatidos só para esse fim e me preocupo com todo o processo. Só trabalho com curtumes que tenham tratamento de resíduos para não agredir o meio ambiente”, diz a estilista (leia mais abaixo).

Chiara Gadaleta, consultora de moda, avalia que é “desnecessário o uso de peles verdadeiras nas passarelas”. “Nosso clima não pede peças tão quentes. E pensando em uma época onde a moda precisa coexistir, integrar-se com o meio ambiente e com todos os ecossistemas, o uso de peles de animais significa dizer não a essas necessidades”, afirma. Ela lembra que existem alternativas para peças de inverno, como técnicas de tricô. A consultora lança amanhã no Rio um instituto para promover a sustentabilidade na moda. “O nosso papel é o de informar e conscientizar, mas a decisão é do estilista”, diz.

Os ativistas pelos direitos dos animais ficaram chocados com o uso de peles nos desfiles brasileiros. Nina Rosa Jacob, presidente do Instituto Nina Rosa, afirma que vestir peles no País não faz sentido.” Os estilistas deveriam usar materiais que valorizassem nossas verdadeiras origens”, diz. Ela conta que em novembro do ano passado foram feitos diversos protestos pelo mundo, até mesmo em Porto Alegre e em São Paulo. O movimento foi chamado de Sexta-feira Sem Pele. “Mas não costumamos fazer protestos em grande escala no Brasil porque o uso não é comum.”

Ashley Byrne, da ONG internacional de proteção aos animais Peta, afirma que as peles sintéticas são mais leves, mais duráveis e práticas para cuidar. “É irresponsável e desnecessário usar peles verdadeiras, especialmente num país de clima quente como o Brasil.”

Negócio. Apesar do clima, o uso de peles é um promissor negócio no Brasil. O País é o segundo maior produtor de peles de chinchila, atrás da Argentina. São cerca de 500 fazendas que abatem e comercializam em torno de 40 mil peles por ano.

O deputado federal Ricardo Tripoli (PSDB-SP), autor de um projeto de lei que proíbe o abate de chinchila para o comércio da pele, afirma que já participou de apreensões de animais até em São Paulo. “Eram 400 chinchilas, confinadas em gaiolas num apartamento no Bom Retiro”, conta. Para o deputado, o uso de peles na moda brasileira é um retrocesso.

Mas as peles ainda têm um público cativo. O empresário Luiz Mori é proprietário do Atelier de Peles, que há mais de 60 anos armazena casacos de pele natural de famílias tradicionais de São Paulo. Além de guardar as peças, ele faz manutenção e reformas.

Cada peça pode custar de R$ 4 mil a R$ 20 mil, mas existem casacos de até R$ 100 mil, feito de zibelina russa. “Quem armazena os casacos são famílias ricas. Antes, a classe média também usava, mas está surgindo uma nova classe média que não usa.”

Para o empresário, a pele natural e a sintética são “bem diferentes”. “A pele natural tem qualidade superior. É muito mais chique que a sintética.”

Fonte: Estadão


5 comentários:

Anônimo disse...

Ola, tentei enviar o e-mail pelo proambi@proambi.org.br pedindo informacoes sobre a associacaoe e trabalho voluntario mas o e-mail voltou. Vcs poderiam retornar essa mensagem? (michelleacamargo@yahoo.com.br)

abç
Michelle

Unknown disse...

Bom dia ...
estes "estilistas" podiam fazer casascos de pele humana destas mulheres bonitas que gastam horrores com produtos carissímos pra ficar mais jovem, daria um bom dinheiro né?......

Unknown disse...

Isso me revolta muito! E pior ainda é quem compra...

Pense a Cores disse...

Olá,

Sou da instituição Pense a Cores e estamos adicionando vocês em nosso blog.

Divulgue-nos, pois estamos com vários projetos interessantes.
Podemos pensar até em uma parceria.
nosso email é: penseacores@hotmail.com

Espero que gostem, obrigado e aguardo.

Anônimo disse...

Olá, a algum tempo tenho tentado contato com vocês, mas não obtive sucesso. Vocês pararam de atuar? Como posso entrar em contato com algum de vocês?

radondy.dl@gmail.com